Desde os primórdios da minha existência, fui definido como um bom falante, habilidoso no exercício da arte de expressar-me. Ao menos, era o que diziam os meus superiores, já adultos. O que, para mim, era uma razão de orgulho. Ledo engano o deles: eu não era habilidoso com coisa alguma, talvez prodigioso para a minha idade, mas soberbo e orgulhoso. Isso causou parte de um claro atraso no meu desenvolvimento, já que o esforço foi aos poucos esvaindo-se e tomando uma forma inconstante e autorreferente. Tornei-me medroso e fugi, consciente ou não, dos estudos das nobres artes. Por tal causa, ocupei parte do meu tempo na área de desenvolvimento de software, sem qualquer interesse real em compreender, mas com algum interesse em supostas oportunidades de emprego que isso poderia me oferecer. Mas as graças foram-me dadas aos poucos, para que eu pudesse, futuramente, reconhecer o meu dever como homem, filho do Senhor. Agora sei o que devo fazer, e o que corresponde ao próximo tem relação com a escrita. As palavras reduzem a natureza das coisas ou a própria referência das coisas em si, proporcionando-nos, em função de nós ou do próximo, o retorno ao referente real presenciado e rememorado. Diante disso, devo reconhecer e contemplar as obras de Deus e expressar o que for possível, para que os outros possam regozijar-se da mesma realidade, retornando-lhes ao referente vivenciado em suas experiências pessoais. Para isso, devo dominar a arte da escrita, e isso será melhor (ou talvez unicamente) feito escrevendo. Por isso, disponho-me a trabalhar com tudo que surgir na área da escrita. Servindo-te, aprenderei e tirarei o necessário para o meu sustento!
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